sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Votos Mecânicos - Feliz Natal


Cá vai um voto de Feliz Natal, dado por mim e por esta querida personagem, que faz parte de uma das mais subversivas séries de animação da TV de sempre!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Poemas Mecânicos - Hoje é Natal

Já comecei a receber mails e mensagens no telemóvel de Boas Festas. Ainda faltam quinze dias para o Natal... mas afinal não era esta quadra que devia de ser todos os dias? Isso fez-me lembrar um poema que escrevi intitulado "Hoje é Natal". Não era nada Natal, nesse dia, pois foi escrito no mês de Maio do já longínquo ano de 1996. O poema é mauzinho, mas eu gosto muito dele... Como aquela máxima que diz que os filhos, mesmo feios, parecem sempre bonitos aos pais. Este é um desses casos. Não lhe mudo uma vírgula e continuo a concordar com tudo o que escrevi na altura...


HOJE É NATAL

Hoje é Natal,
mas não tem importância;
porque é normal
que os putos morram sem ter infância.
Hoje é Natal
e as crianças estão,
de armas na mão,
sem saber o que é, afinal,
o mal ou o bem;
trazem guerra no coração;
fazem um hábito da solidão,
do desespero, um irmão,
da violência, uma mãe.
Hoje há amor
porque é Natal.
Não há fome nem dor,
credo, etnia ou cor
que a morte abale.
As mulheres paradas
à espera do autocarro
não são assassinadas,
partidas, quebradas,
como se fossem de barro.
Os pobres não pedem,
com barrigas de vento,
uns trocos p’ra pão.
As potências não cedem
ao desarmamento
com armas na mão.
Não!!!
Todos comem à farta,
durante o jantar,
bacalhau com batata
sem radiação nuclear.
Tudo é paz, harmonia
e convívio familiar,
menos p’rá maioria
que, de barriga vazia,
ficou sem cear.
“Que penas sermos tão poucos
e não podermos fazer nada”,
dizem uns senhores roucos
de gravata apertada,
com fatinhos “muita lôcos”
e a pança aconchegada.
Entre eles e o curral
vai uma enorme distância.
O que é pena é ser normal,
porque hoje é Natal
e não tem importância.

Edgarbury K. Zeytonov (a.k.a. Filipe Lopes)
Maio de 1996

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Paísinho Mecânico - Uma alarvidade em Tomar

Hoje estava a beber café com um colega e amigo meu, antes de começar a trabalhar, e ele contou-me uma história inacreditável, bem ilustrativa do paísinho que somos. Foi uma coisa que ele viu na TV antes de sair de casa e que eu não resisto a postar aqui. Não há nada que me ligue a Tomar. Nem afinidades com os Templários, nem ligações de sangue, ou amizades, e nunca fui à Festa dos Tabuleiros. Acho a cidade bonita e simpática, tem (lembro-me por causa das visitas de estudo que fiz com a minha escola, há uma vintena de anos ou mais) uma janela bem gira, que deve ter dado um trabalhão a fazer, mas não há nenhum laço muito forte que a ela me una. Não posso, no entanto, deixar de nutrir uma certa simpatia pelas pessoas que lá vivem e que, pelos vistos, devem ter que aturar muita coisa parva da parte da autarquia, pelo menos a julgar pela história que vou parafrasear a seguir. Em Tomar existe, como em muitas cidades e vilas portuguesas, uma zona histórica. Quem mora nessas zonas, está sempre bem lixado. Quer mudar uma janelinha de sítio, não pode; quer construir uma pôrra qualquer, não pode; quer pintar a casa de uma cor diferente, não pode. Basicamente, não pode fazer nada para não atentar contra as sinergias do local em que se encontra. Bem, dizia eu, em Tomar há uma zona dessas. Nela, existe uma ruela estreita de sentido único, daquelas em que só passa um carro à rasquinha e é impensável estacionar. Pois foi, precisamente, nessa zona histórica que a câmara resolveu aprovar a construção de um mamarracho megalómano, com dois pisos, que é um parque de estacionamento. Quer, dizer, as pessoas não podem mudar uma janelita, mas a câmara deixa a Bragaparques construir um prédio idiota no mesmo local histórico. Acho que aí já não afecta as sinergias de bosta nenhuma! Mas o caricato, é o que vem a seguir: a tal rua, estreitinha e de sentido único, foi fechada pelo parque de estacionamento, passando a ser a saída do mesmo, de maneira a que as pessoas que lá moram, têm que entrar no dito parque e PAGAR para poderem aceder à rua e entrar em casa. Lindo, não é? Faço ideia do que acontecerá se alguém se sentir mal e for preciso chamar uma ambulância, ou se houver um incêndio e for necessária a intervenção de um carro de bombeiros maior, ou se alguém quiser mudar de casa e fazer mudanças. Já bem basta, se um desgraçado morador for às compras e se esquecer de comprar leite. E a seguir pão. Cada uma das viagens e cada um dos produtos de que se esqueça, ficar-lhe-á o valor que tem que pagar pelo parque mais caro tantas vezes quantas saia de casa. Salva-se, que me lembre, apenas uma coisa, nesta idiotice toda. Num primeiro encontro em que o rapaz convide a rapariga (ou o contrário) para conhecer o seu lar, fica sempre bem entrar num parque de estacionamento daqueles, só para impressionar. "É o estacionamento da minha casa", dito com uma pose de rola emproada, é uma bela introdução de conversa...