A MORTE SAÍU À RUA
A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina, à morte que te matou
À lei assassina, à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada hà covas feitas no chão
Na curva da estrada hà covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação
José Afonso
2 comentários:
Se me permites, amigo Filipe, Zeca Afonso morreu há 21 anos mas continua bem vivo no meio de nós. A sua música possui o dom da intemporalidade pese o combate que conjunturalmente lhe deu ainda mais força para compor e cantar. Louvo a oportunidade do teu 'post'.
Abraço.
Caro amigo e companheiro de pena e da blogosfera, é sempre bom receber notícias tuas, nem que seja num comentário a um post meu :)
Perfeitamente de acordo contigo!
Abraço
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