quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

UTOPIA (de José Afonso)

Cidade
Sem muros nem ameias.
Gente igual por dentro,
gente igual por fora.
Onde a folha da palma
afaga a cantaria.
Cidade do homem;
Não do lobo mas irmão.
Capital da alegria.
Braço que dormes
nos braços do rio.
Toma o fruto da terra.
É teu, a ti o deves;
lança o teu
desafio.

Homem
que olhas nos olhos,
que não negas
o sorriso;
a palavra forte e justa.
Homem para quem
o nada disto custa.
Será que existe
lá para as margens do oriente?
Este rio,
este rumo,
esta gaivota.
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?

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