terça-feira, 6 de setembro de 2016

Bom, estive algum tempo a pensar se publicava, ou não, alguma coisa em relação a isto... A minha parte mais "adulta" achou que poderia soar um bocado a presunçoso se publicasse, mas o meu lado mais pueril, que vibra de efervescente felicidade, levou a melhor e decidi mesmo publicar. É de coração transbordante de alegria que vos informo ir representar o meu clube do coração, o Sporting Clube de Portugal, na secção de pool da próxima época. Sem desprimor para qualquer dos clubes onde joguei, este é um sonho tornado realidade!! Embora não prometa "dar mais de mim" do que em qualquer um dos outros, já que dou sempre tudo o que tenho na defesa das cores que represento, desta vez, no entanto, o "dar tudo" é um bocadinho mais especial. Obrigado Ricardo Simões, pela confiança (a amizade é de há muitos anos e não carece de agradecimento) e obrigado a todos os meus ex-companheiros e responsáveis das equipas e dos clubes onde joguei. Fiz muitos amigos e tentei deixar sempre uma marca de jovialidade e fair-play nas competições e nos locais onde estive presente. Não terei conseguido sempre, mas consegui muitas vezes, portanto acho que mereço estar aqui :-)

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Ciclo de Glauber Rocha na Cinemateca



(Retirado ipsis verbis da programação da Cinemateca, pelo que o facto de estar escrito respeitando o famigerado acordo ortográfico, ou ter coisas como "o personagem" - que eu nunca emprego no masculino - não são da minha responsabilidade)

GLAUBER ROCHA
EM COLABORAÇÃO COM GUIMARÃES 2012 CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA
E CINEMATECA BRASILEIRA (SÃO PAULO)
Quando Glauber Rocha morreu, aos 42 anos, em 1981, Serge Daney escreveu no Libération: “De todos os grandes perturbadores do cinema moderno, ele era sem dúvida aquele que estava mais longe de nós”. De facto, ao morrer, o cineasta brasileiro estava muito isolado e parecia pertencer ao passado. E, no entanto, Glauber Rocha fora uma das mais fulgurantes figuras dos novos cinemas dos anos sessenta, a personalidade mais conhecida do Cinema Novo brasileiro, que deu que falar junto à crítica internacional. A sua carreira começou verdadeiramente com o segundo filme, DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL que causou sensação no Festival de Cannes em 1964. Três anos depois, TERRA EM TRANSE, bastante diferente, causaria uma imensa polémica no Brasil, que ultrapassou as fronteiras do cinema e marcou o apogeu do prestígio do realizador. Mas O DRAGÃO DA MALDADE E O SANTO GUERREIRO, mais conhecido como ANTONIO DAS MORTES, foi atacado pelos cineastas brasileiros undergound, que o consideraram académico e decorativo. Depois da apresentação deste filme no Festival de Cannes em 1969, onde recebeu o prémio de melhor realização ex aequo, diante de um júri presidido por Luchino Visconti, Glauber Rocha preferiu exilar-se, devido à violenta repressão política que se abatera sobre o Brasil em fins do ano anterior. Ficaria sete anos num exílio que o levou a França, Itália e Cuba. E neste período, o seu cinema mudou radicalmente, tornando-se cada vez mais alegórico: DER LEONE HAVE SEPT CABEZAS, CABEZAS CORTADAS, CLARO. Ao regressar ao Brasil em 1976, é recebido com efusão e realiza uma brilhante curta-metragem, DI CAVALCANTI. Mas em breve torna-se uma figura altamente polémica e contestada, tornando-se objeto de uma certa rejeição. Realiza uma ambiciosa longa-metragem, A IDADE DA TERRA, apresentada no Festival de Veneza, onde foi pessimamente recebida. Decide então permanecer na Europa, primeiro em Paris e depois em Sintra, onde trabalhou num argumento sobre Os Maias. Patrick Bauchau realizou então um documentário sobre ele, significativamente intitulado SINTRA IS A BEAUTIFUL PLACE TO DIE. Em agosto de 1981, Glauber Rocha regressaria ao Rio de Janeiro em estado de coma e morreria no dia seguinte. Há trinta e um anos, Serge Daney concluía o seu artigo necrológico da seguinte maneira: “Ele desnorteou, inventou, chocou, dececionou. Nada cedeu do seu desejo. Com obstinação, nunca deixou de fazer uma pergunta, que temo se tenha tornado obsoleta: o que seria um cinema que não devesse nada aos Estados Unidos? Talvez seja perguntar demais. Mas quem responderá?”. A sua obra veemente continua cercada por um misto de veneração (é praticamente proibido criticá-lo no Brasil) e incompreensão. Este Ciclo talvez contribua
para indicar se Glauber Rocha está mais ou menos “longe de nós” do que em 1981.

TERRA EM TRANSE
de Glauber Rocha
com Jardel Filho, Paulo Autran, José Lewgoy, Glauce Rocha
Brasil, 1967 – 105 min
Sex. [7] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Seg. [10] 22:00 | Luís de Pina
“Filme admirável, negro poema, TERRA EM TRANSE mostra como se fazem e se desfazem, no ‘terceiro mundo europeu’, as ditaduras tropicais”, escreveu à época Marguerite Duras. Longe do sertão e dos cangaceiros, inteiramente situada no Rio de Janeiro, a terceira longa-metragem de Glauber Rocha é sem dúvida o mais “cinematográfico” dos seus filmes. O protagonista é um jornalista que oscila entre um potencial tirano de esquerda e um potencial tirano de direita. Começando pela agonia do protagonista, o filme desenrola-se num longo flashback, numa montagem fragmentada, mas absolutamente coerente. 

BARRAVENTO
de Glauber Rocha
com Antonio Pitanga, Luiza Maranhão, Lucy de Carvalho
Brasil, 1961 – 77 min
Seg. [10] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Ter. [11] 19:30 | Luís de Pina
Inicialmente Glauber Rocha deveria ter sido assistente de realização deste filme. Mas, como disse a sua mãe numa entrevista, “arrebatou” o filme ao realizador Luiz Paulino dos Santos ao cabo de alguns dias de rodagem e realizou-o sozinho, fazendo alterações no argumento. De todos os seus filmes, é o único que tem uma narrativa tradicional. A ação passa-se numa comunidade de pescadores negros na Baía, que tem de alugar a um preço muito alto um instrumento de trabalho essencial, as redes de pesca. Nasce um conflito que opõe dois pescadores: um está disposto a um compromisso, encorajado por um sacerdote de ritos afro-brasileiros; o outro, que vivera numa cidade, atiça o conflito.


DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL
de Glauber Rocha
com Othon Bastos, Leonardo Villar, Yoná Magalhães, Maurício
do Valle, Lídio Silva
Brasil, 1964 – 110 min
Ter. [11] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Qui. [12] 19:30 | Luís de Pina
O filme que tornou Glauber Rocha internacionalmente célebre aos 26 anos e marcou a irrupção do Cinema Novo brasileiro no panorama internacional, ao lado de VIDAS SECAS e OS FUZIS, de Nelson Pereira dos Santos e Ruy Guerra, respetivamente. Em DEUS E O DIABO… Glauber conjuga mitos e realidades, através da história de um miserável casal de camponeses, entre o messianismo religioso e a revolta armada desordenada. O filme é percorrido por lembranças do cinema soviético e utiliza diversas canções como  comentário à ação. Uma obra operática e trágica.

CÂNCER
de Glauber Rocha
com Odete Lara, Hugo Carvana, Antonio Pitanga, Hélio Oiticica
Brasil, Cuba, 1968-72 – 86 min
Qua. [12] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Qui. [13] 22:00 | Luís de Pina
Rodado em 1968 no Rio de Janeiro, este fi lme só foi montado quatro anos mais tarde, em Havana. Foi em grande parte improvisado e uma das suas razões de ser foi a vontade do realizador de praticar o som direto, que nunca utilizara, em vistas da rodagem já anunciada de ANTONIO DAS MORTES. Sem narrativa linear, composto por cenas esparsas e monólogos brilhantes e sarcásticos, CÂNCER é, como TERRA EM TRANSE, um filme urbano e cosmopolita. Assinala uma inegável aproximação de Glauber Rocha ao cinema underground brasileiro, de Julio Bressane e Rogério Sganzerla, dos quais ele em breve se tornaria inimigo mortal.

O DRAGÃO DA MALDADE CONTRA O SANTO GUERREIRO / ANTONIO DAS MORTES
de Glauber Rocha
com Maurício do Valle, Odete Lara, Lorival Pariz, Antonio Piranga
Brasil, 1969 – 95 min
Sex. [14] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Ter. [25] 22:00 | Luís de Pina 
Mais conhecida como ANTONIO DAS MORTES, esta primeira longa-metragem a cores de Glauber Rocha amplia o universo de DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL, com uma mise-en-scène que tem alguns pontos em comum com o western spaghetti. O filme aproxima certos mitos populares brasileiros e a alegoria política. O protagonista, Antonio das Mortes, assassino por contrato a serviço dos poderosos, já surgira em DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL. Mas desta feita acaba por se voltar contra eles e massacra os representantes da ordem estabelecida. “ANTONIO DAS MORTES é o meu ALEXANDRE NEVSKI, é o ALEXANDRE NEVSKI do sertão, a ópera global inspirada pelas lições de Eisenstein” (Glauber Rocha).

DER LEONE HAVE SEPT CABEZAS
de Glauber Rocha
com Jean-Pierre Léaud, Gabriele Tinti, Rada Rassimov
Itália, França, 1970 – 120 min / legendado eletronicamente em português
Seg. [17] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Qua. [19] 22:00 | Luís de Pina
Coprodução ítalo-francesa fi lmada no Congo Brazzaville, a atual República Popular do Congo, DER LEONE HAVE SEPT CABEZAS foi o primeiro dos quatro filmes que Glauber Rocha realizou durante os seus sete anos de exílio. O título poliglota (com um notável erro de inglês) entende sublinhar a vastidão do conflito colonial. A dramaturgia é extremamente rarefeita e didática, com personagens deliberadamente esquemáticos: um casal loiro que representa o imperialismo americano, um guerrilheiro latino-americano, um português, um padre europeu, africanos cúmplices e africanos revolucionários.

CABEZAS CORTADAS
de Glauber Rocha
com Francisco Rabal, Pierre Clémenti, Rosa Maria Penna
Espanha, 1970 – 94 min / legendado eletronicamente em português
Ter. [18] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Qui. [20] 19:30 | Luís de Pina
Rodado na Catalunha, CABEZAS CORTADAS “retoma e tritura o material ficcional de TERRA EM TRANSE, porém de modo muito mais violento do que ANTONIO DAS MORTES em relação a DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL”, observou Sylvie Pierre no seu livro sobre Glauber Rocha, acrescentando: “A terra continua em transe, mas agora o apocalipse está a acontecer”. Num país imaginário chamado Eldorado (como filme de 1967), um tirano incarnado por Francisco Rabal, vive o delírio do poder, num fi lme deliberadamente caótico e irracional: “Talvez seja a história de um louco que pensa que é ditador”, declarou o realizador em 1979.


HISTÓRIA DO BRASIL
de Glauber Rocha, Marcos Medeiros
Cuba, Itália, 1972-73 – 166 min
Sex. [21] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Seg. [24] 22:00 | Luís de Pina
Ambicioso work in progress correalizado com um ex-líder estudantil brasileiro exilado, HISTÓRIA DO BRASIL tem uma narração em off permanente, em alta velocidade, que retraça e comenta a História do Brasil desde o desembarque de Pedro Álvares Cabral em 1500 até o regime militar instalado em 1964. Em contraponto, as imagens, vindas das fontes mais diversas (filmes de ficção, atualidades cinematográficas), não ilustram de modo direto a catarata de palavras do comentário.

CLARO
de Glauber Rocha
com Juliet Berto, Carmelo Bene, Luis Maria Olmedo Itália, 1975 – 106 min
legendado eletronicamente em português
Seg. [24] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Qua. [26] 22:00 | Luís de Pina
Inteiramente rodado em Roma, o último filme realizado por Glauber Rocha antes do seu regresso ao Brasil é o menos visto entre todos aqueles que fez e suscitou indiferença ao ser apresentado à época. Entre os personagens: o Papa, dois irmãos gémeos, um soldado americano vindo do Vietname, um travesti, incarnado por Carmelo Bene. Sylvie Pierre, amiga e admiradora incondicional do cineasta, comenta: “CLARO não é claro, sobretudo se quisermos perceber o que Glauber Rocha ‘quer dizer’. Creio que o filme não tem chave, tem apenas grandes portas arrombadas e fechadas. Alucinação ou lucidez? Em todo caso, uma nova forma do conflito entre poesia e política que já surgira em TERRA EM TRANSE”.

A IDADE DA TERRA
de Glauber Rocha
com Tarcísio Meira, Jece Valadão, Ana Maria Magalhães, Maurício do Valle
Brasil, 1980 – 134 min
Qua. [26] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Qui. [27] 22:00 | Luís de Pina
Último filme de Glauber Rocha, pessimamente recebido no Festival de Veneza, onde foi apresentado numa versão de 160 minutos. Obra sem nenhuma forma de narrativa, absolutamente alegórica e enigmática, que obriga cada espectador a trazer a sua própria chave para nela penetrar. Filmado em diversas regiões do Brasil, escolhidas pelo seu caráter simbólico, o fi lme mostra fi guras como um Anticristo, quatro Cristos (um negro, um índio, um militar e um guerrilheiro), uma rainha das amazonas, um diabo. “Trabalho com a surpresa, o exorcismo das emoções, a catarse do ator. Como se fosse um psicanalista”, declarou o cineasta a propósito deste filme.

PÁTIO
AMAZONAS AMAZONAS
MARANHÃO 66
DI CAVALCANTI
de Glauber Rocha
Brasil, 1959, 1966, 1966, 1976 – 12, 15, 11 e 16 min
duração total da sessão: 54 min
Qui. [27] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Sex. [28] 22:00 | Luís de Pina 
Este programa reúne as curtas-metragens realizadas por Glauber Rocha ao longo de dezoito anos (duas outras ficaram incompletas e de JORJAMADO NO CINEMA perderam-se os negativos originais e não existe hoje cópia projetável). PÁTIO é um fi lme surpreendente vindo do seu realizador, uma obra purista e abstrata, situada num terraço suspenso entre o céu e o mar, onde um homem e uma mulher se aproximam e se afastam um do outro. AMAZONAS AMAZONAS, o seu primeiro filme a cor, foi uma encomenda sobre as “belezas” e as “riquezas” da região: mas “descobri que não havia a Amazónia lendária e mágica”. MARANHÃO 66 foi outra encomenda, feita por um político de província chamado José Sarney (que o acaso transformaria em Presidente da República nos anos oitenta), que pediu que Glauber Rocha documentasse a cerimónia da sua posse como governador. O realizador alternou imagens da cerimónia com outras em que se vê miséria da população. DI CAVALCANTI marcou o regresso do realizador ao Brasil, ao termo do seu exílio. Ao fi lmar o velório de um pintor, Glauber Rocha também fez um brilhante epitáfio sobre tudo o que desaparecera no Brasil durante a sua ausência.



sexta-feira, 15 de junho de 2012

O CINEMA DE ANTÓNIO DE MACEDO - Finalmente a merecida homenagem na Cinemateca!

Tal e qual as Relações Públicas da Cinemateca Portuguesa mandaram cá para fora:


O CINEMA DE ANTÓNIO DE MACEDO

Arquiteto de formação, cineasta por vocação, mas também compositor, escritor e ensaísta, docente, António de Macedo é um protagonista singular do cinema português cujo panorama marcou entre os anos sessenta da sua estreia no contexto do Cinema Novo, época em que a sua obra é especialmente prolífera, e os anos noventa em que infletiu de percurso, passando a dedicar-se mais ativamente aos estudos e ensino universitários nas áreas das religiões comparadas, das tradições esotéricas, das formas literárias e fílmicas ou da sociologia da cultura, em que se doutorou em 2010.
A sua primeira longa-metragem DOMINGO À TARDE é, em 1965, o terceiro filme proa do Cinema Novo Português, produzido por António da Cunha Telles como OS VERDES ANOS de Paulo Rocha e BELARMINO de Fernando Lopes. Com ela António de Macedo afirmou-se no contexto do novo fôlego da cinematografia portuguesa dessa década, mas como sucedeu com outros nomes da sua geração o seu percurso começara antes, no domínio do formato curto: inicia-se com os experimentais A PRIMEIRA MENSAGEM e ODE TRIUNFAL e profissionalmente com VERÃO COINCIDENTE e NICOTIANA cuja originalidade chamou a atenção para o seu trabalho. Marca de água de toda a sua obra, cruzada por diversas influências e interesses, persistentemente apostada na experimentação das possibilidades visuais e sonoras no cinema (tanto nas curtas como nas longas-metragens, nas obras de ficção, documentais, institucionais e em filmes publicitários), essa originalidade revestiu-se, por outro lado, de uma dimensão polémica, em alguns casos feroz, que foi pontuando a receção dos seus filmes a partir de 7 BALAS PARA SELMA, a segunda longa-metragem.
A produtividade dos anos sessenta estendeu-se à década seguinte, que Macedo atravessou desafiando os imperativos da censura, antes de 1974 (depois de em 1970 ser um dos fundadores do Centro Português de Cinema, foi em 1974 que cofundou a cooperativa Cinequanon onde desenvolve a atividade de cineasta nos vinte anos seguintes), e dos cânones estabelecidos, estendendo as linhas mestras do seu cinema às questões sociais e políticas numa vertente documental. A dimensão fantástica, o imaginário popular e os elementos esotéricos dominam os filmes posteriores na convicção de que “a realidade é mais subtil do que aquilo que a gente vê. As incursões esotéricas que faço são tentativas de penetrar no universo real. Aliás pode dizer-se que o meu fantástico é mais real do que o real”.
A retrospetiva da obra de António de Macedo que a Cinemateca agora propõe é uma travessia de várias décadas de história do cinema português e a revisão de um olhar  reivindicadamente experimental, frequentemente polémico. Numa proposta de António de Macedo, começamos por O PRINCÍPIO DA SABEDORIA, sendo a retrospetiva genericamente pensada a partir da sua cronologia. Incluindo longas e curtas-metragens, obras conhecidas e títulos mais raros, os filmes serão em grande parte apresentados em novas cópias tiradas no laboratório da Cinemateca. Será publicado um catálogo

O PRINCÍPIO DA SABEDORIA
de António de Macedo
com Guida Maria, Sinde Filipe, Carmen Dolores, Nicolau Breyner, João d'Ávila

Portugal, 1975 – 155 min


com a presença de António de Macedo


O PRINCÍPIO DA SABEDORIA, também conhecido como O RICO, O CAMELO E O REINO, é uma incursão de António de Macedo nos domínios do sobrenatural, reivindicando a bizarria das peripécias num argumento escrito a partir de três novelas de Pere Calders, O Princípio da Sabedoria, A Árvore Doméstica e A Cada Um o Seu Ofício: nos jardins da grande casa de aldeia de um arquiteto insociável, é descoberta uma mão. Num letreiro colocado no portão da propriedade, o arquiteto anuncia devolvê-la a quem provar pertencer-lhe. É uma produção da Tobis Portuguesa, com direção de produção de Henrique Espírito Santo, fotografia de Elso Roque e música de António Victorino d'Almeida.
Sex. [22] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Seg. [25] 22:00 | Sala Luís de Pina



DOMINGO À TARDE
de António de Macedo
com Isabel de Castro, Ruy de Carvalho, Isabel Ruth

Portugal, 1965 – 93 min
Título marcante do Cinema Novo Português, DOMINGO À TARDE é cronologicamente o terceiro, emparelhando com OS VERDES ANOS (Paulo Rocha, 1963) e BELARMINO (Fernando Lopes, 1964), também produzido por António da Cunha Telles, e, como aqueles, um título perfeitamente inserido nas tendências do novo cinema dos anos sessenta. "Gosto de experimentar, cinema de montagem intenso, sincopado, gosto de inserir teoria dentro da ação fílmica" (Luís de Pina) são algumas das características desta obra amarga e sóbria, situada no meio hospitalar e que inclui o segmento de um filme fantástico que indica a dimensão experimental da obra futura de Macedo. Com argumento baseado no romance de Fernando Namora, foi o seu primeiro filme de longa-metragem. Foi selecionado para a secção competitiva do Festival de Veneza de 1965, onde foi exibida uma versão não censurada.
Seg. [25] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Qui. [28] 19:30 | Sala Luís de Pina



7 BALAS PARA SELMA
de António de Macedo
com Florbela Queirós, Sinde Filipe, Tomás de Macedo, Osvaldo Medeiros, Lia Gama

Portugal, 1967 – 108 min
Segunda longa-metragem de António de Macedo, 7 BALAS PARA SELMA tem inspiração policial e foi na época da sua estreia "um caso" no cinema português, alvo de críticas severas e a acusação de cedência a expectativas comerciais. É um filme que se distingue pela singularidade da sua proposta e a abertura a dimensões cuja variedade o realizador viria a trabalhar ao longo da sua obra. Macedo assina a realização, argumento, diálogos, planificação e montagem. A fotografia é de Acácio de Almeida, a música do Quinteto Académico e a letra das canções, interpretadas por Florbela Queirós, de Alexandre O'Neill. A produção é da Imperial Filmes.
Ter. [26] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Sex. [29] 22:00 | Sala Luís de Pina



NOJO AOS CÃES
de António de Macedo
com Avelino Lopes, Clara Silva, Eduarda Pimenta, Helena Balsa, Hilda Silvério

Portugal, 1970 – 93 min
De registo experimental e temática contestatária, filmada em película positiva e adotando premissas do cinema direto, a terceira longa-metragem de António de Macedo foi produzida pelo próprio e a expensas suas, o apoio da Valentim de Carvalho e da Ulyssea Filme. A ação de NOJO AOS CÃES dura o tempo da projeção do filme seguindo uma manifestação de estudantes que termina com a intervenção da polícia política. Proibido pela censura, foi exibido nas edições de 1970 dos festivais de Bérgamo e de Benalmadena, onde foi distinguido com o prémio da Federação Internacional dos Cineclubes.
segunda passagem em julho
Qua.
[27] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro



CINE-RISO – ALMANAQUE DOS PARODIANTES DE LISBOA
Portugal, 1969 – 10 min
A PRIMEIRA MENSAGEM
com Cristóvão Martinho, Maria Tereza
Portugal, 1961 – 7 min / sem som
A REVELAÇÃO
com Costa Guerra
Portugal, 1969 – 19 minutos
A BICHA DE 7 CABEÇAS
de António de Macedo
com Guida Maria, Ruy de Carvalho, Ana Maria Gonçalves, Carlos Daniel, Manuel Coelho

Portugal, 1978 – 32 min
de António de Macedo


duração total da sessão: 68 minutos

Esta primeira sessão de curtas-metragens de António de Macedo inclui um dos seus títulos inaugurais, A PRIMEIRA MENSAGEM, filmada em 16mm preto e branco e sem som sob a influência da vanguarda francesa, de Eisenstein e Pudovkin. De 1969, CINE-RISO é fruto de colaboração com os Parodiantes de Lisboa, e A REVELAÇÃO é uma produção Francisco de Castro com o patrocínio da Sociedade Nacional de Sabões. Posterior em cerca de uma década, A BICHA DE 7 CABEÇAS (produção Cinequanon) é a variação de um conto tradicional português. À exceção de A PRIMEIRA MENSAGEM, os títulos da sessão são primeiras exibições na Cinemateca.
segunda passagem em julho
Qui.
[28] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro



A PROMESSA
de António de Macedo
com Guida Maria, Sinde Filipe, João Mota, Luís Santos

Portugal, 1972 – 94 min
A partir da obra teatral homónima de Bernardo Santareno e assentando num trabalho de investigação sociológica levado a cabo nas aldeias piscatórias em que decorre a ação, com produção do Centro Português de Cinema, A PROMESSA é a história de um jovem casal de uma aldeia de pescadores profundamente religiosos que não consuma a sua união em cumprimento de um voto de castidade. De novo alvo de polémica na receção em Portugal, (foi a primeira obra portuguesa a mostrar dois corpos nus), A PROMESSA teve uma boa carreira e foi o primeiro filme português oficialmente selecionado para o Festival de Cannes.
segunda passagem em julho
Sex.
[29] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

sexta-feira, 23 de março de 2012

Mereço bem isto!!!!!! :)



Las Vegas 2012 - 3 Anos depois, o regresso à cidade dos sonhos :)






Foi hoje publicada a classificação do ranking do Onix de regulares, após ter sido disputado o 9º e penúltimo torneio. A um torneio do fim, já estou apurado para a cidade dos sonhos. 3 anos depois, o regresso à cidade das luzes :)

O facto de eu aparecer em segundo neste ranking é enganador, uma vez que o quadro apresenta os resultados totais E mandam-se os dois piores torneios de "coeficiente 1" fora. Eu mando fora, portanto, 17 + 0 (17) e fico na frente com 435 pontos; O Tiago Teodoro manda 22 + 30 (52), ficando com 402 pontos; o Ricardo Moreira manda 20 + 27 (47), ficando com 400; o Filipe Correia manda 25 + 25 (50), ficando com 398, o Luís Tavares manda 18 + 23 (41), ficando com 395; o Lorenzo Ornelas manda 0 + 19 (19), ficando com 372 e o Mauro Mendes manda 24 + 23 (47), ficando com 369.
Em resumo, as contas estão assim:
1º Eu ----------------435
2º Tiago Teodoro ----402,
3º Ricardo Moreira --400
4º Filipe Correia -----398
5º Luís Tavares -----395
6º Lorenzo Ornelas --372
7º Mauro Mendes ----369

Assim sendo e, uma vez que, mesmo que perca os dois jogos no próximo torneio, o mínimo de pontuação que faço é 36 pontos, que junto aos 435 que já tenho, fico com 471. Como o primeiro do torneio acumula 80 pontos e o segundo 68, só poderia ser ultrapassado por um dos meus adversários, já que os 68 pontos do segundo lugar não permitem a qualquer deles chegar aos meus 471. A viagem completa é para os dois primeiros do ranking, portanto JÁ LÁ ESTOU!!!!!!! :) :) :) BALLY'S AÍ VOU EU!!!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

UTOPIA (de José Afonso)

Cidade
Sem muros nem ameias.
Gente igual por dentro,
gente igual por fora.
Onde a folha da palma
afaga a cantaria.
Cidade do homem;
Não do lobo mas irmão.
Capital da alegria.
Braço que dormes
nos braços do rio.
Toma o fruto da terra.
É teu, a ti o deves;
lança o teu
desafio.

Homem
que olhas nos olhos,
que não negas
o sorriso;
a palavra forte e justa.
Homem para quem
o nada disto custa.
Será que existe
lá para as margens do oriente?
Este rio,
este rumo,
esta gaivota.
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?

Zeca afonso morreu há 25 anos




José Afonso morreu no dia 23 de Fevereiro de 1987, com 57 anos de idade e vítima de uma doença que lhe foi calando, silenciosamente e a pouco e pouco, as cordas vocais; mas nunca, NUNCA, lhe calou a voz, porque ela ainda hoje se ouve. A combater a injustiça, a lutar pela Liberdade, a fazer frente aos canalhas que subjugam o povo, a dar coragem ao grito de revolta, a festejar a vida ou a proclamar o amor, as músicas do Zeca ecoam por entre a tormenta que os vampiros foram fazendo do nosso país e das nossas vidas. Há 25 anos ficámos privados do nosso maior bardo. Hoje é um bom dia para nos lembrarmos dele!